Todo mundo sabe que a qualidade do sistema de ensino público no Brasil está baixa. E uma prova disso é que o Krash entrou para uma faculdade federal. Em meio aos conhecimentos avançados, à formação profissional, à arte de não ter aula, e aos ensinamentos de vagabundagem por parte dos outros universitários, eu percebi a falta que o colégio faz... sei lá, era tudo tão simples naquele tempo! a única preocupação era chegar em casa, comer, e ir assistir TV - seção da tarde no tempo que eu estudava de manhã. ah claro, e às vezes tinha-se a preocupação de passar de ano também.
A verdade é que quando eu lembro da minha vida escolar, me lembro muito pouco do conteúdo em si... e muito mais das putarias que rolavam. por exemplo, toda escola tem aqueles malditos inspetores de alunos... muitos são desprezíveis, é verdade, mas alguns salvam a profissão. segue um exemplo das duas classificações... desprezível:
inspetor: você aí!
eu: sim?
inspetor: o que você estava fazendo aí no parapeito?
eu: er... eu tava só olhando lá pra baixo (sorriso cínico).
inspetor: você estava cuspindo nos alunos lá embaixo, eu vi!
eu: quê isso?! imagina se um aluno da quinta série como eu faria isso!
inspetor: vai já pra coordenação! vocês alunos são uns selvagens!
e lá fui eu levar comunicado pra casa por estar cuspindo nos alunos menores... sim, nós fazíamos verdadeiros campeonatos de cuspida às crianças do ensino infantil. estabelecíamos inclusive as pontuações - cabeça equivalia a 50 pontos - e regras - não se podia cuspir catarro, era só saliva.
Agora, um exemplo de inspetor gente fina:
inspetor: foram vocês quem colocaram sonrisal na caixa do bebedouro, não foram?
eu: (sorriso cínico) qualé, duarte? limpa nossa barra aí! a gente só fez isso pra melhorar a digestão dos alunos, entende?
inspetor: vocês mereciam uma sova! onde já se viu brincadeira tão sem-graça? olha, dessa vez passa, mas da próxima vocês vão ter uma conversa com a coordenadora!
eu e meus comparsas estávamos salvos.
Outro ser marcante na fauna colegial pra mim, foi a secretária da coordenação. Aquela mulher que NUNCA fazia nada, mas sempre dizia estar ocupada. Lembro de uma que toda vez em que eu chegava (fingindo estar doente pra perder aula), estava lendo a revista Contigo e tomando café... sério, não lembro de nenhuma vez em que ela estivesse escrevendo algo importante, ou fazendo algo que não fosse fofocar com as outras secretárias. e quando eu chegava fingindo estar morrendo, ela apenas me mandava ficar sentado... e 20 minutos depois dizia:
- já está melhor? acho que vou ligar pra sua mãe e dizer que você está aqui.
era o bastante para eu ficar curado e voltar pra aula de ciências. ela bem que era esperta pra perceber esse tipo de truque dos alunos... ou nossas estratégias é que eram péssimas.
E as coordenadoras?! nada assustava mais uma criança naquele tempo do que esses seres feios e cruéis... e eu, nos meus 8 anos de ensino fundamental, conheci bem esse tipo.
pequeno krash entrando pela porta, temeroso...
coordenadora: de novo, menino? que foi dessa vez?
eu: a professora disse que não me aguentava mais na sala de aula, e que se eu ficasse lá mais 5 minutos, ela iria abrir a janela e pular.
coordenadora: meu deus... sente ali naquele sofá, vou ligar pra sua mãe.
é claro que quando eu chegava em casa, o pau comia... mas no outro dia eu estava lá, firme e forte!
aiai... bons tempos, aqueles.
Krash nunca foi um capeta em sala de aula, mas estava longe de ser um aluno exemplar.
*Agradecimento ao inspetor Duarte por sempre perdoar os verdadeiros crimes que fazíamos na escola.
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