O iPod da Maria Rita
A gravadora Warner distribuiu aparelhos iPod Shuffle para os 30 jornalistas que entrevistaram a cantora. O kit de imprensa da coletiva de lançamento do novo disco de Maria Rita, Segundo, continha CD, DVD com making of da gravação e o tal iPod da discórdia, com as canções do disco.
Se tem uma coisa que me desestimula a conhecer o trabalho de algum(a) cantor(a) ou banda é ufanismo. Se alguém cai nas graças do público de alguma maneira, é quase obrigatório que tentem impor isso pra você. "Fulano tem talento, tem uma melodia bacana, é inovador, o Brasil não via nada assim nos últimos tempos..." Ah pa porra! Eu confesso que sou bastante impaciente com essas coisas, e às vezes até meio do contra. Seja pelo que for, nunca simpatizei com essa Maria Rita. Que esbravejem os fãs mais exaltados, mas ela chegou onde está por ser filha da Elis Regina. E que se dane se ela tem talento... Muita gente tem talento e não consegue sobreviver cantando nem em churrascarias.
Não é nada pessoal, óbvio, é que eu simplesmente não vejo graça no estilo dela. Até aí tudo bem. Ela tem um estilo mais insoso que papelão e ganha uma fortuna, eu sou um escritorzinho de um blog de merda e sou pobre... Tudo na mais perfeita ordem. Mas uma coisa eu tenho que dizer: distribuir Ipods aos jornalistas no lançamento do novo CD é putaria!
Não entendeu, seu ignorante? O Ipod é o tocador de MP3 mais cult do momento... Com ele você armazena MP3, tira uma de playboy antenado em novidades, pega aquela mina interesseira porém gostosa e se dá bem. E o que a bonitinha fez foi dar um desses pra cada jornalista presente na coletiva. Com as músicas do CD novo armazenadas, claro.
Ipod Shuffle, o Ipod da Maria RitaObviamente, a iniciativa partiu da Warner. Claro, claro... Qualquer sacanagem que o artista faça é sempre culpa da gravadora. As gravadoras, aliás, são como os provedores de internet: estão aí pra levar a culpa de qualquer porra mesmo. E como boa representante do gênero, a Warner criou essa genial sacada de marketing generosidade. Agora você, leitor sapequinha que adora criticar o que eu escrevo, acha isso interessante? Quando uma banda iniciante paga uma graninha pra tocar nas rádios e chamar atenção, todo mundo cai de pau. Mas se uma cantora "classe A" oferece um sobornozinho safado pra crítica, o lance passa em branco? Não, amiguinhos... É pra isso que serve o C&L. Eu até imagino o momento em que o executivo, o assessor de Maria Rita e o produtor do CD conversavam: - Ok, o álbum ficou pronto. Agora precisamos investir em divulgação... Mas temos que fazer isso de uma maneira sofisticada, como fizemos com o primeiro trabalho dela. - Então, nada de Domingão do Faustão? - Agora não. Precisamos primeiro afirmar que o disco está bom... Podemos bolar alguma coisa pra entrevista de lançamento. - Já sei, a Maria pode descer de uma nave espacial cenográfica cantando uma música na abertura da coletiva! - Hummm... Isso não é muito original. Temos que mostrar pros críticos que nós somos elegantes e interessantes... - Podemos apontar armas pra eles... - Não, temos que mostrar que não nos importamos com o que eles vão escrever... Que nós não fazemos questão de elogios forçados... - Certo, então vamos dar um Ipod pra cada um deles! - Pô, já é!Agora vocês vêm e me dizem: - Mas Krash, seu merda, você mesmo disse que isso deve ter sido iniciativa da gravadora! Não culpe a pobrezinha da Maria!Acordem. Se a iniciativa não partiu dela (e eu acredito que não mesmo), ela a aceitou. Se aceitou, foi por concordar ou não se posicionar a respeito. Sapequinha ela, não? Francamente... Desse jeito, se os Los Hermanos me dessem um Playstation 2 eu juro que escreveria uma resenha positiva sobre o último ábum deles.
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