Você é um mendigo sentimental?
Ora, você sabe o que é... Todo mundo se faz de compreensivo, ou de bom coração, ou de "sempre-presente-pro-que-der-e-vier" em troca de ouvir um "Puxa, como você é legal!" E na falta dessas opções, todo mundo se faz de coitado mesmo. Desde que seja para alguém mostrar o quanto gosta da gente. Isso é ser um mendigo sentimental.
Não minta, você sabe que é verdade. Você não quer que os outros achem que você é um fraco, mas adora quando alguém enaltece seus sentimentos. Aí você vai e escreve um post no seu fotolog sobre o elogio que recebeu. Você adora mostrar pras pessoas que possui amigos. E o melhor, que eles gostam mesmo de você. Faz parte do instinto. Mesmo um pseudo-anti-social, mesmo um grunge raivoso, mesmo aquela pessoa que nega se importar com os outros, todos adoram ser paparicados. E a internet está aí pra isso... Chego a pensar que no momento da invenção, o cara que criou a rede mundial de computadores estava bastante deprimido. Ele resolveu criá-la justamente para que seus amigos lhe escrevessem um e-mail: "Sai dessa, nós adoramos você!". Aí ele foi correndo mostrar pros conhecidos que era amado e respeitado. Estava inventado o scrap-book.
Não negue. No fundo, toda aquela conversa que você tem com alguém para supostamente ajudar, é apenas uma desculpa para ter a satisfação de ficar com uma boa reputação. As pessoas dirão que você é nobre e altruísta. Balela, você só quer ter uma afirmação de que todo mundo te adora.
Se fazer de coitado também adianta. As estatísticas mostram que é muito mais fácil prestar atenção em alguém que está sentando no canto, cabisbaixo, do que em alguém que chega segurando uma melancia pintada de azul, fantasiada de bozo e cantando ópera. E você adora quando alguém senta ao seu lado e pergunta o que você tem. Melhor que isso só se ela disser "conta comigo pro que precisar, tá?". Isso é o orgasmo de quem quer se fazer de coitado.
Vamos todos nos entristecer à toa e esperar que eles passem a mão na nossa cabeça. Isso disfarça a nossa falta de assunto.
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