Li uma matéria certa vez sobre como os grandes nomes da nossa música, literatura ou dramaturgia, nem sempre eram valorizados em seu tempo. Claro, isso confirma aquela questão sobre como uma pessoa se torna importante ou boazinha depois que morre.
Manuel Bandeira era considerado medíocre, Lima Barreto foi internado em um hospício, Chiquinha Gonzaga sofreu grandes preconceitos, Tom Jobim... Hum... Na verdade o Tom era famoso, bem aceito, e vivia tomando umas cervas geladas com o Vinícius, enquanto observavam os brotinhos no calçadão de Ipanema. Mas eles eram exceção. Geralmente as coisas eram difíceis para quem queria se destacar em algum segmento artístico/cultural.
Então, seguindo esse raciocínio, eu imaginei a seguinte situação:
E se todos os cretinos do meio "artístico" de hoje, fossem redimidos após a morte, e tratados como gênios pelas gerações futuras?
(Na verdade, acho que essa idéia nem é minha... Devo ter lido coisa semelhante de algum colunista do Cocadaboa)
Sério, vocês já pensaram nisso? Imaginem o que seus netos ou bisnetos irão aprender sobre a cultura do país no início do século XXI.
Literatura:
Em fins do século passado, um grupo humorístico famoso por satirizar com classe e tato os costumes brasileiros lançou um livro que figurou durante algum tempo como centro de polêmica. "Seu Creysson - Vidia e Óbria", escrito pelos integrantes do Casseta & Planeta, atingiu recordes de venda e crítica. Apesar de ter sua qualidade questionada na época, hoje entendemos que o livro é uma sátira bem-humorada ao indivíduo vítima da falta de investimentos na educação. Leitura obrigatória para o vestibular na maioria das capitais brasileiras.
Música:
Cantor e compositor marginalizado pela sociedade conservadora da época, Latino foi um dos maiores contribuidores da MPB brasileira em meados do século. Suas composições simples, e de fácil agrado popular renderam muitas cifras ao mercado fonográfico. São de Latino os clássicos "Festa no Apê" - que fala de uma maneira aberta sobre uma típica reunião social da época -, e "Oh Baby me Leva!" - que expõe com poesia fina e delicadeza um amor incompreendido. Latino foi o responsável ainda pelo reconhecimento nacional da diva Kelly Key, que levou as canções românticas a um outro plano. Especula-se que, tal qual Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, os dois possam ter tido um envolvimento conturbado e tenso, que fez com que ambos produzissem vasto material poético.
Dramaturgia:
O cinema nacional atingiu grande prospecção internacional graças a Maria da Graça Meneghel - conhecida por Xuxa. Além de ser a protagonista de 57 filmes de sucesso, a gaúcha foi mãe de Sasha Meneghel, que continuou o legado da família e produziu/dirigiu/estrelou 26 filmes de longa-metragem. O último, "Sasha e os Elfos da Floresta de Cristal - Parte 2", atraiu cerca de 6,5 milhões de espectadores no Brasil e faturou a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Apesar do sucesso, tanto Maria da Graça, quanto Sasha Meneghel foram alvo de pesadas críticas por parte da camada elitizada da população.
Eu só espero já ter morrido até lá.
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