Reminiscências acerca da música
parte I: Nascido (mais ou menos) para o Rock!
Aaaah..! O fascinante universo dos rock stars! Talento, arte, polêmica, drogas e orgias com mulheres maravilhosas... Não necessariamente nesta ordem.
Falando assim parece que eu tenho uma certa experiência, mas o mais perto que eu cheguei disso tudo foi através da mtv. Sério. Se bem que teve uma vez em que eu fui assistir ao show de um amigo e, no "camarim" (que não era mais que um container abandonado), me ofereceram uma garotA estranha que diziam que gostava de mim. Mas ela se enquadrava mais na categoria "drogas" do que na "orgias com mulheres maravilhosas", então deixa quieto.
A primeira vez que eu parei pra prestar atenção em alguma música foi com os Mamonas Assassinas. Você deve se lembrar deles, não? Ora, é claro que você lembra. Aliás, você também gostava. Só não admite isso pq hoje você tem fama de ser cult e só gostar de bandas alternativas, mas você assistia o Faustão todo domingo pra ver os caras.
Enfim, eu tinha 9 anos quando achei legal o fato de que eles eram idolatrados e ganhavam grana simplesmente pq tinham uma banda! Eu achei aquilo genial, e mais que depressa tive a idéia de montar uma banda com uns colegas de escola. No começo nós seríamos da mesma vertente dos Mamonas, mas depois criaríamos nosso próprio estilo e teríamos músicas que falariam de... Bem... Levando em consideração a minha idade na época, é desnessário dizer que a idéia não saiu do papel. Mas eu fiquei com esse lance na cabeça enquanto o tempo passava.
Depois de muito tempo, com uns 13 pra 14 anos, caíram na minha mão alguns cds variados - desde Raimundos a Dire Straits e Offspring - que me fizeram ter a vontade séria de começar a tocar algum instrumento. Claro que anos antes eu ganhei uns cds do Skank e do Jota Quest, mas eu estou em terapia pra esquecer desse passado negro. Digamos que meu interesse musical começou com o Offspring.
Mais do que necessidade de expressão musical, eu via as coisas do seguinte modo: não haviam muitos músicos no colégio. Os poucos que haviam eram endeusados pela escória inferior (nós), que muitas vezes oferecia sacrifícios de virgens puras aos membros das poucas bandinhas existentes. Entenderam o tipo de sacrifício de virgens, né? Pois é.
Como a minha mãe se recusava a me dar um violão, eu tive que começar com um emprestado, que era muito ruim detonado fudido mesmo! Merece até ser mencionado detalhadamente pra vocês sentirem o drama.
Analisando direitinho, dava pra ver que ele era de uma marca considerada e havia sido muito bom em tempos antigos, mais ou menos ali pela época do dilúvio. Eu tive até medo de trocar as cordas e ele se desintegrar. Falando sério, ele devia ter uns 15 anos de idade, e estava tão mal-conservado que dava pena. Mesmo. Pra vocês terem uma noção, um violão acústico comum tem um buraco na caixa (que vem a ser o "corpo" do violão) por onde o som ecoa. Esse que eu arranjei tinha dois. Um que veio de fábrica e outro que foi conseguido com uma porrada tão escrota que criou um som "único" no instrumento. Não que isso fosse uma coisa boa. O braço dele era empenado, uma das tarraxas era remendada com durepox e tinha tanto chiado que parecia que morava um esquilo raivoso lá dentro.
Ele também tinha uma saída elétrica, pra ser ligado em um amplificador. Mas a única vez em que eu tentei fazer isso, senti um leve odor de queimado e tive medo que o violão explodisse nas minhas mãos. E com minhas mãos danificadas, eu não poderia ser um astro.
Mas nenhum desses detalhes realmente importava pra mim. Ele era o que eu tinha e foi com ele que adquiri as primeiras noções musicais.
Continua...